sexta-feira, 19 de setembro de 2008

História

Mais que um grupo ou uma companhia, o Teatro de Arena foi fundado na cidade de São Paulo, em 1953, como uma alternativa à cena teatral da época. A intenção de um dos seus fundadores, o ator e diretor teatral José Renato era nacionalizar o palco brasileiro em contraposição ao tipo de teatro que se via praticado pelo TBC – Teatro Brasileiro de Comédia (um repertório iminentemente internacional, com produções sofisticadas e que dialogavam pouco com a realidade nacional).

O objetivo era produzir espetáculos de baixo custo, de autores nacionais e incentivar o surgimento de diretores brasileiros (o TBC investia nos talentos europeus, principalmente os italianos). Após dois anos de atuação em espaços improvisados, a sala da Rua Theodoro Baima, no centro da cidade, foi inaugurada (1955).

Foi a chegada de um jovem ator, egresso do Teatro Paulista do Estudante, que salvou o Arena – prestes a fechar suas portas por questões econômicas. Esse jovem ator e dramaturgo, apesar de italiano, tinha sérias convicções sobre o teatro que se deveria fazer no Brasil. O ano era 1958, a peça era Eles Não Usam Black-Tie e o jovem autor, Gianfrancesco Guarnieri. O sucesso de Black-Tie, mais de um ano em cartaz, abriu espaço para o surgimento de um movimento chamado Seminários de Dramaturgia, que tinha por objetivo revelar e expor a produção de novos autores. Daí, destacaram-se: Oduvaldo Vianna Filho (o Vianninha) e Flávio Migliaccio entre outros.

Augusto Boal foi o diretor e dramaturgo que, com seu conhecimento sobre as técnicas de interpretação do Actors' Studio a partir do Sistema Stanislavski, mais se empenhou na procura de uma interpretação e encenação que preservassem o perfil e a alma do brasileiro. A partir daí, além de buscar uma dramaturgia nacional, passou a incentivar a nacionalização dos clássicos. Nessa fase, o Arena passa a contar com a colaboração assídua de Flávio Império na criação de cenários e figurinos.

A fase seguinte foi a dos musicais, com forte influência do teatro de Bertolt Brecht e destaque para Arena conta Zumbi e Arena conta Tirandentes, ambos de Boal e Guarnieri, utilizando o sistema coringa de atuação em que todos os atores podem viver todos os personagens, sem caracterização. A forte repressão da Ditadura Militar instaurada a partir de 1964, que culmina com o Ato Institucional nº 5, o AI-5, afastam valores da companhia, mas não impedem que Boal teste o seu Teatro Jornal, que dará origem ao Teatro do oprimido que ele irá desenvolver em seu exílio na América Latina e Europa. A trajetória do Arena é interompida pela Ditadura em 1972.





Elenco de Doce América, Latino América
Arquivos Multimeios/ IDART
1971

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial